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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dead Zone - 09/12/2011

Acordei às 10:00 am. Não sozinha, nem com o despertador. Acordei com empurrões e gritos. E como se apenas empurrões e gritos não fossem suficientes, algum idiota resolveu virar meu colchão fazendo com que eu caísse no chão. Esse idiota era meu marido, Said.


- استيقظ! يرجى أعقاب تصل! استيقظ! يرجى أعقاب تصل! - ele gritava sem parar. O único defeito dele era se desesperar em árabe. Toda vez que ele ficava nervoso, ansioso ou amedrontado ele se expressava em árabe. Eu sou fluente no idioma, mas não adianta nada minha fluência quando ele resolve gritar 1000 palavras por segundo!


- سهلة! الهدوء ، ما هو؟ سعيد إبطاء،! - do chão, gritei pra ele se acalmar. Aos poucos ele foi se acalmando, respirando e devagar disse no seu inglês cheio de sotaque:


- Desculpa, meu amor. Mas não pode dormir mais! Precisamos sair! Nós achava que mais uma semana poderia descansar, mas eles aqui agora!


Said ajudou-me a levantar. Arrumar a bagunça de lençóis e colchão? Nem pensar! Se eles haviam nos alcançado, era bom fugirmos logo. Enchemos 3 mochilas e uma bolsa com tudo o que pudemos, corremos até a caminhonete que nos aguardava, o motorista deu a partida e então fugimos. Um comboio com 4 caminhonetes, dois sedans e uma van. Não éramos muitos, éramos 12 ou 13, mas carregávamos coisas suficientes para viver uma confortável vida fugitiva.


E foi assim que abandonamos o acapamento militar (que já estava abandonado quando o encontramos!). E foi assim, que cruzamos a fronteira do Líbano para entrar na Síria.


Não sabemos de verdade o que está acontecendo. Quando estávamos em Beirute, sabíamos o seguinte:


Um cara "A", funcionário de uma empresa química-biológica-genética-ou-algo-do-tipo "B" nos Estados Unidos, saiu de férias coincidindo com o fato de estar resfriado. Ok. Durante suas férias, pegou um avião para a Espanha, desconsiderando o fato de que seu resfriado só piorava. De férias na Espanha, deu entrada no hospital "C" e após uma semana internado, ele morreu. Mandaram o corpo do individuo "A" de volta para os Estados Unidos, e durante seu velório ele ressuscitou e começou a atacar as pessoas. Ao mesmo tempo, outros ataques começaram a acontecer também nos E.U.A., na Inglaterra, Espanha, França, Brasil e Japão. O resfriado do homem "A" passou para outras pessoas no avião que o levou à Espanha (descobriram puxando a lista de passageiros do vôo dele) e essas pessoas ao voltarem para seus países de origem também foram hospitalizadas, morreram, ressuscitaram e começaram a atacar pessoas. De início descobriram que o tal "resfriado D" levava pelo menos duas semanas para se instalar e se desenvolver na pessoa, para então matá-la e ressuscitá-la; logo, cogitou-se a idéia de isolar os bairros onde os primeiros ataques começaram e a ir atrás de toda a lista de passageiros onde se encontrava o nosso amigo "A". Algo lógico, certo? O problema é que o tal vírus "D" começou a se adaptar cada vez mais rápido ao organismo humano diminuindo seu periodo de incubação. Logo, não foi suficiente ir atrás dos passageiros do vôo do homem "A" e isolar seus bairros, foi necessário isolar suas cidades devido à agilidade com a qual o vírus "D" estava agindo.

Faziam 2 meses que tudo aconteceu. 2 meses que eu estava no Líbano com meu marido visitando a família dele. 2 meses conversando por emails e telefonemas com minha familia na Inglaterra. Minha cidade, Liverpool, não foi afetada, graças a Deus. Nem a do meu marido, Byblos. Os focos ainda eram E.U.A., Inglaterra, Brasil, Japão, França e Espanha. Insisti para minha mãe e meu irmão voltarem para a Grécia (meu país de origem) e vou encontrá-los lá.

Hoje, faz 1 mês que saímos de Byblos e nos refugiamos em Aarida, mais ao norte. Acompanhando o noticiário e a internet, descobrimos que sauditas, iraquianos, indianos e afegãos "resfriados" voltaram da Europa e contaminaram seus países. Para contaminar o Libano é um pulo! Por sorte, a família do meu marido que reside aqui é pequena. São os pais dele, o cachorro, a irmã com o marido e os dois filhos. O resto da família está dispersa pela Europa e outros países árabes. Está fácil fugir.

Foi assim que descobrimos focos de contágio próximos ao Líbano. Deixamos Beirute imediatamente ao saber que as pessoas estavam começando a invadir as fronteiras dos países vizinhos para fugir de seus bairros contaminados. Nossa meta é chegar até a Grécia onde minha família tem grandes propriedades.

Deu merda no mundo. Não me surpreende ter começado nos Estados Unidos.