terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2010. - A tempestade e o Husky

Já faz dias que não vejo o Caim. Semanas, na verdade. Semanas que não o vejo, mas em compensação vi o Husky de novo. Na verdade, o tenho.

Eu estava voltando de um passeio à toa, em uma folga, quando começou a chover. Logo a chuva transformou-se em tempestade e... Achei que fosse o prenúncio de algo pior. Eu já estava perto de casa, mas mesmo assim abriguei-me em uma farmácia.

Custou alguns minutos até que eu conseguisse me adaptar a enxergar em meio a chuva para buscar pontos onde pudesse me abrigar enquanto corresse para casa. Eu já estava encharcada, e meu guarda-chuva (pobrezinho!) não estava dando conta de tamanho aguaceiro. Assim, notei que a chuva não passaria tão cedo, e eu ainda tinha bastante coisa para fazer em casa. Optei por enfrentar a tempestade e torcer para não pegar um resfriado!

Quando me decidi em sair da farmácia, antes de colocar o pé para fora do estabelecimento, eu o vi. Pêlos molhados, magro de fome, olhos azuis sem brilho e uma cara triste. Era o Husky que eu tinha visto rondando meu prédio e que me salvou de uns rapazes bêbados. O Husky que tinha o mesmo olhar interessante do Caim.

Não resisti. O Husky pedia ajuda. Atirei-me na chuva, e tratei de trazer o cachorro para o apartamento. Felizmente, meu prédio não proibe animais e com a desculpa de que eu o tinha adotado, levei-o ao meu apartamento. Sou apaixonada por cachorros, então não foi problema cuidar do Husky. Dei um banho nele, sequei-o, e encontrei algo para ele comer. Nesse primeiro dia, ele acabou com todo o meu estoque de carne, mas valeu a pena. Hoje ele está lindo e saudável.

O curioso é que ele não come ração. Só comida de gente mesmo. E nunca o vi passar mal comendo coisas que cães normalmente não comem. Desde o dia da tempestade, ele não saiu daqui. Levo-o para passear todos os dias, ele gosta quando leio para ele (tem uma preferência curiosa por literatura de terror e suspense), e dorme na cama comigo. Aos poucos, o brilho voltou aos seus olhos e eles passaram a transmitir uma sensação curiosa que eu só vejo nos olhos do Caim.

Aliás, dei um nome a ele. Caim.

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